O Castigo do Ateu
Conta-se que no inicio da colonização. Um rico fazendeiro de grandes posses, há muito radicado no município, pessoa honrada, de família numerosa, num certo dia, levantou-se bem cedo e foi preparar sua boiada de bois de carro. Esta era seu orgulho. Os bois foram escolhidos com muito esmero. Todos malhados, com guampas no mesmo estilo. Quando vinha a cidade, era motivo de admiração.
Os bois só faltavam falar, correspondiam ao comando do dono , motivo pelo qual se orgulhava. Todos eles tinham nome.
Depois do café, disse à esposa.
— Hoje vou colher nossa roça de milho!
A mulher muito católica, respondeu!
— Não meu marido, hoje é dia de Nossa Senhora Santana, é dia santo!
— Ora, Ora. Não conheço esta senhora e minha roça está quase a perder no mato… vou carrear sim.
Lá se foi garboso empunhando seu ferrão e falando com os bois de guia… (todo comando de ordem era obedecido como se fossem racionais)
Chegou na roça, carregou o carro e se preparou para partir. Os bois de guia estavam deitados, como se estivessem esperando a ordem.
— Vamos Sereno… Vamos Malhado… balançou a vara de ferrão. Nada dos bois obedecerem, foi até eles, deu-lhes um cutucão. Os bois permaneceram imóveis como se não estivessem ouvindo. Muito nervoso bateu-lhes com uma vara e os bois nada de obedecerem. Foi até eles e puxou-lhes os chifres, foi aí que percebeu algo estranho. Os mesmos estavam duros, ou melhor dizendo, mortos.
Muito apavorado, lembrou-se do conselho da mulher.
–Será que foi castigo?
Cabisbaixo voltou e foi contar o sucedido à mulher. Os dois foram até a roça e comprovaram que realmente estavam mortos.
Passado uma semana, voltaram para ver o que tinha acontecido com os bois. La estavam eles do mesmo jeito deitados, olhos arregalados como se estivessem vivos.
Voltaram e foram fazer novena e pedir à Nossa Senhora Santana que o perdoasse. Só assim logo depois os bois ficaram de prancha e foram devorados por urubus.
Folclore é um conjunto de realizações da cultura popular. São historias fantásticas com personagens lendários, transmitidas de geração em geração. O medo, a religião, a tradição, fizeram com que o homem simples, acreditasse nas : superstições, bruxarias, mitos, brincadeiras etc. E a característica principal é : Ser anônima. Ninguém sabe quem contou a primeira vez, mas, afirmam que foi verdade. O acontecido sempre foi com pessoas do lugar. Com a separação do Estado de MT, as poucas que tinham foram levadas para Cuiabá.
por Flora Fonseca da Silva
